Fotos e texto por Jonas Marinho
Fotos e texto por Jonas Marinho
Data de publicação: 23/09/2021
Data da viagem: 18/09/2021 e 19/09/2021
Eldorado é uma pequena, realmente pequena, cidade rural localizada no Vale do Ribeira, nome que vem do Rio Ribeira do Iguape, que banha a região, entre São Paulo e Curitiba, com vastas fazendas de bananeiras e algumas fábricas que processam as bananas e produzem seus derivados.
Seguindo a estrada em direção ao sul de Eldorado, há atrações bastante interessantes para quem gosta de ecoturismo, sendo a principal delas a Caverna do Diabo, que pode ser explorada em visitas monitoradas com diferentes níveis de aventura. Além da caverna, também há diversas cachoeiras, como a Queda do Meu Deus e diversas outras que estão na trilha do Vale das Ostras. Para um passeio histórico-cultural, vale visitar o Circuito Quilombola, que tem o Quilombo de Ivaporunduva como o principal.
A Caverna do Diabo é a principal atração próxima a Eldorado, o complexo foi formado pela ação de um riacho que deságua no Rio Ribeira de Iguape ao longo de milhares de anos, formando grande galerias, estalagmites (quando surge do chão em direção ao teto) e estalactites (quando crescem do teto sentido ao chão). Ao longo do caminho, é possível visualizar diversas pareidolias (quando reconhecemos imagens em objetos aleatórios) nas rochas, suas sombras e iluminações.
Todo o caminho para explorar, com a monitoria de um guia, a área aberta à visitas da caverna conta com iluminação, passarelas e corrimãos, com o riacho correndo ao lado do caminho durante a maior parte do trajeto. Para uma aventura mais radical, também existe a opção de realizar o trajeto que passa por dentro do rio, mas esse não conta com iluminação em alguns trechos e passa por partes em que o nível da água atinge a altura do pescoço.
O nome da caverna se deve a uma pareidolia que é encontrada no fim do trajeto, onde é possível visualizar uma imagem que lembra uma face, dita ser a face do Diabo. Nesse mesmo ponto do trajeto, os guias oferecem a experiência 'blackout', na qual os visitantes podem ficar por alguns minutos com a iluminação artificial dessa área da caverna desligada, para vivenciarem a sensação de estar na caverna em seu estado natural.
Dentro do próprio Parque da Caverna do Diabo, também há a Cachoeira do Araçá, que pode ser acessada através de um pequena trilha de 300 metros e conta com duas piscinas naturais. Para ir até essa cachoeira não é obrigatória a contratação do serviço de monitoria que o parque disponibiliza, mas o visitante precisa ficar atento com o risco de encontrar animais silvestres, como cobras.
Próximo ao Parque da Caverna do Diabo, mas independente, pode ser acessada a Trilha do Vale das Ostras, uma trilha guiada que passa por 15 cachoeiras, uma mais bonita que a outra, em um trajeto que leva aproximadamente 4 horas.
A trilha é considerada como de dificuldade média, passando por diversos trechos dentro do riacho, com água até a altura dos joelhos, degraus com lama escorregadios e partes em que é necessário o uso de cordas para escalar ou descer pedras íngremes. Contudo, ao longo do caminho dá para fazer paradas nas cachoeiras e tomar banho nas piscinas naturais que se formam.
A décima quinta e última cachoeira da Trilha do Vale das Ostras é a Cachoeira dos Meu Deus, que não poderia receber um nome mais apropriado, pois a expressão que vem a mente do aventureiro quando se depara com essa queda d'água no fim do caminho realmente é 'Meu Deus'.
A cachoeira tem 53 metros de altura, mas mesmo assim existe um caminho, guiado por cordas e dentro d'água, que permite acessar uma pequena caverna localizada atrás da cortina d'água, o maior desafio para chegar até essa caverna é passar pela turbulência que se forma devido à força da queda, sendo uma sensação similar a uma forte tempestade, mas a sensação de estar dentro da caverna é recompensadora.
Durante a época de Colonização e Império, as fazendas da região contavam um grande de pessoas escravizadas, que fundaram sete quilombos que hoje fazem parte do Circuito Quilombola, sendo o principal deles o Quilombo Ivaporunduva.
Visitar esses quilombos é uma experiência bastante interessante para conhecer sobre a História e Cultura Quilombola, mas para isso pode ser útil entrar em contato com um guia, preferencialmente um que seja morador, pois apesar de serem atrativos turísticos, as comunidades quilombolas são também bairros comuns, onde os moradores vivem e fazem deles seu lar, alguns por diversas gerações da família.