O Eu Fotógrafo

Entre todas as artes, a fotografia, se mostrou a mais efetiva e potente como ferramenta de tradução de mim mesmo. Ainda não é sabida a relevância da minha tradução, mas é nítida sua necessidade, e compreendo esse poder devido a sua natureza. Eu só consigo captar o que está como alvo de minhas lentes, na minha frente, exposto consciente ou não para mim. A imagem da pintura pode nascer da minha mente, não preciso necessariamente de uma referencia visual em tempo real. Mas minhas lentes precisam do motivo vivo e existente de frente a elas. Preciso ter algo para fotografar, para ser captado.

E esta necessidade me revela o que procuro com o ato de fotografar. Busco uma relação. Eu desejo me relacionar com o meu objeto, e assim roubá-lo para mim, eternizar a morte daquele instante, ser dono do que eu fotografei. Mas eu fotografo as minhas fantasias. Uso o objeto como um elemento que as manifeste e assim eu as roubo. Roubo o que já era meu, mas não materializado.

Para mim, o maior de todos os objetos e motivos é o ser humano. Busco ver a beleza que cada vida contém, beleza que nem foi conhecida ainda. Pelo próprio objeto e por mim.